quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Como superar a baixa autoestima ao aprender uma nova língua?

Posse Presidencial de Obama transmitida online pela FOX. Foto de Ken Lee.

Provavelmente alguém já te disse, em algum momento da vida, que a língua inglesa é a língua dos negócios, a língua onde as principais descobertas científicas são publicadas, a língua onde se realiza a cultura do mundo globalizado. Para muitos, falar inglês é um privilégio, uma recompensa de muito esforço que, por consequência, abrirá as portas para uma vida próspera. Mas o que faz a língua inglesa ser tão celebrada?

O contexto do ensino de língua estrangeira nos remete a uma lógica colonial. Como podemos lembrar das nossas aulas de história, o Brasil já foi uma colônia de Portugal. Neste período de intensa exploração das riquezas brasileiras a metrópole europeia nos importou seus valores religiosos e políticos, suas referências culturais e também a língua.

Embora não estejamos na condição de colônia de nenhum país, na situação global em que nos encontramos somos influenciados pelo "Norte Global" - aqui compreendido como as "nações de primeiro mundo" - em nossas práticas educativas, incluso o ensino de inglês como língua estrangeira -ILE - (JORDÃO, 2013).

Uma pergunta antes de continuarmos: apesar de estarmos na América Latina, rodeados por países que tem o espanhol como idioma oficial, por que estudamos inglês e não espanhol? 

A "baixa autoestima, sensação de incapacidade, inferioridade, conformismo e passividade em alunos e professores", segundo comenta Clarisse Menezes Jordão (2013), especialista na qual nos inspiramos na escrita desse texto, é resultado da idealização que construímos em torno da escola: bem equipada, com todos os recursos que uma unidade de ensino particular poderia contar. Mas como todos sabemos a situação está bem longe da dignidade por múltiplos fatores que vão da infraestrutura à formação de professores e outras questões que englobam a sociedade civil em torno da educação brasileira. 

Em geral a eficácia do ensino-aprendizagem de uma Língua Estrangeira (LE) é medida pela eficiência que educandos e educadores demonstram na hora de repetir estruturas gramaticais de forma mecânica. Neste termos, a LE só tem sua importância em seu uso instrumental. Por outro lado uma porção de benefícios são omitidos no contato com uma LE, segundo Jordão:
  • ampliação das possibilidades de participação em comunidades interpretativas diversas,
  • consciência sobre as diferenças culturais entre as línguas e as possibilidades de diferentes modos de comunicação para entender e dar sentido ao mundo,
  • experimentar e perceber as questão de outras línguas em nosso local,
  • produzir empatia com outro e repensar nossas identidades nessa relação.
O letramento crítico é a proposta da autora para a produção de um espaço de resistência a essa prática colonizadora. Falaremos dele no próximo texto.

Bibliografia

JORDÃO, C. M. Desvincular o inglês do imperialismo: hibridismo e agência no inglês como língua internacional. Versalete, v. 1, n. 1, jul-dez 2013, 278-299. Disponível em http://www.revistaversalete.ufpr.br/edicoes/vol1-01/22-JORD%C3%83O.pdf